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Mosca-branca
Bemisia tabaci

A mosca-branca (Bemisia tabaci) é uma das pragas mais importantes para a agricultura mundial, principalmente para as culturas de tomate, soja, feijão e algodão. É uma espécie cosmopolita, altamente polífaga (podendo afetar mais de 40 hospedeiros) que adapta-se facilmente a novas plantas hospedeiras e regiões geográficas, desenvolvendo-se melhor em climas quentes e úmidos. O seu primeiro registro ocorreu em 1889 em plantas de fumo localizadas na Grécia. No Brasil, a espécie foi introduzida na década de 1920 e disseminou rapidamente.

 

Devido à incidência da praga, há redução na produtividade da planta e na qualidade dos frutos. Os danos de B. tabaci podem ser diretos e indiretos. Como dano direto está a sucção da seiva que ocasiona em frutos com amadurecimento irregular e pode ser observada a descoloração devido à toxina liberada pelo adulto. Como dano indireto, acontece a excreção de substâncias açucaradas que cobrem as folhas e ficam propícias para o desenvolvimento de fungo, resultando na fumagina e, consequentemente, afetando a atividade fotossintética da planta. Além disso, é transmissora de viroses que causam graves danos à cultivos agrícolas.

 

Atualmente, estima-se que mundialmente existam mais de 40 biótipos de B. tabaci, cada um apresentando um comportamento característico. Para diferenciá-los é necessária a utilização de métodos moleculares. No Brasil há dois principais: o biótipo B e o biótipo Q, sendo estes considerados os mais nocivos.

 

O biótipo B é o mais comum no país e o mais disperso no mundo, tendo mais de 500 espécies de plantas hospedeiras, alta fecundidade e capacidade de dispersão a longas distâncias. Sua primeira detecção em território nacional ocorreu na década de 90 no Estado de São Paulo. É uma praga importante para culturas anuais, hortaliças e plantas ornamentais. Vetor dos vírus: Tomato golden mosaic virus (TGMV), Tomato severe rugose virus (ToSRV), Tomato yellow vein streak virus (ToYVSV), Bean golden mosaic virus (BGMV), entre outros. Geralmente seu manejo é feito através do uso de pesticidas, mas já foram detectadas no país populações resistentes à ingredientes ativos, o que dificulta seu controle. De acordo com o mapa abaixo é possível ver os países no qual já foi relatada sua presença.

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O biótipo Q é motivo de grande preocupação, pois possui alta capacidade de desenvolver resistência à maioria dos inseticidas que são eficientes para controle de mosca-branca. No Brasil sua introdução ocorreu em 2013 no Rio Grande do Sul. Pode alcançar altas densidades populacionais e é vetor do Tomato yellow leaf curl virus (TYLCV) e Tomato torrado virus (ToTV), espécies de vírus exóticas para o Brasil. Além de tomate, pode causar danos também em berinjela, girassol, bico-de-papagaio, algodão, batata, entre outras culturas. Atualmente possui presença confirmada em Portugal, Estados Unidos, Guatemala, Reino Unido, Síria, Nova Zelândia, China, Egito, França, Israel, Japão, Marrocos, Holanda, Espanha e Brasil.

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Um projeto de pesquisa gerenciado pelo IRAC-BR e conduzido pela PROMIP - Manejo Integrado de Pragas, foi realizado com o objetivo de caracterizar a linha básica de suscetibilidade de moscas-brancas a diversos inseticidas (Thiametoxan (4A), Imidacloprid (4A), Acetamiprid (4A), Cyantraniliprole (28), Pyriproxyfen (7C), Buprofezin (16) e Spiromesifen (23)) e posterior monitoramento de populações geograficamente distintas coletadas nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Mato Grosso, São Paulo e Goiás. Para isso, foram coletadas cinco populações em soja (MG, SP, BA, MT) e cinco em tomate (SP, GO, MG) na safra 2017/2018.

 

A identificação comprovou que a maioria das populações de Araguari (MG), Correntina (BA), Aparecida de Goiânia (GO), Lins (SP), Rondonópolis (MT), Mogi Guaçu (SP), Pouso Alegre (MG), Sabino (SP) e Luiz Eduardo Magalhães (BA) são do biótipo B e a maioria da população de Paranapanema (SP), Santo Antônio da Posse (SP) e Sumaré (SP), todas coletadas em tomate, são do biótipo Q.

 

De uma maneira geral, os inseticidas de grupos (IRAC MoA) 16 e 28 apresentaram alta taxa de suscetibilidade para maioria da população de B. tabaci. Houve redução na suscetibilidade aos inseticidas dos grupos (IRAC MoA) 4A, 7C e 23. Outra observação que foi possível ser feita é que B. tabaci biótipo Q mostrou-se menos suscetível para a maioria dos compostos químicos. Dessa forma, não é possível inferir sobre qual população possui maior grau de tolerância ou resistência aos produtos.

 

Ações preventivas devem ser adotadas para implementar estratégias de manejo da resistência a inseticidas. Nesse sentido, os programas de monitoramento da resistência são fundamentais para a detecção de mudanças na suscetibilidade de populações de pragas aos ingredientes ativos utilizados para controle, no intuito de prevenir, retardar ou até mesmo reverter a evolução da resistência aos inseticidas. Lembrando que o manejo da resistência é baseado na rotação dos produtos de acordo com o modo de ação (seguindo as recomendações de rótulo ou bula), adoção de janelas de pulverização, rotação de culturas hospedeiras e não hospedeiras e plantio de refúgio estruturado.

 

É importante ressaltar que a questão da mosca-branca no Brasil tem que ser entendido como um problema sistêmico e deve ser assumido pelos produtores rurais, instituições de pesquisas e extensionistas de forma conjunta para o uso sustentável dos produtos fitossanitários.

 

Elaborado por: Izabella Oliveira

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