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Situação atual do monitoramento de resistência Tuta absoluta a diamidas no Nordeste Brasileiro


A traça-do-tomateiro, Tuta absoluta, é mundialmente a principal praga do tomateiro e uma ameaça à tomaticultura global. Seu status de praga no Brasil, após alguns anos de intenso uso de inseticidas, tem sido de praga regional, como nas regiões Centro-Norte da Bahia (Irecê) e Agreste de Pernambuco (Pesqueira). No entanto, o manejo incorreto desta e de outras pragas do tomateiro, pode elevá-la novamente ao status de praga muito importante nacionalmente. Dentre as práticas incorretas encontra-se a não eliminação de restos culturais, a ausência de vazio sanitário e, particularmente, ausência de rotação de moléculas inseticidas de forma racional tem dificultado o controle da T. absoluta em regiões onde ela ainda é um grande problema. Recentemente, um grande levantamento da suscetibilidade desta praga a inseticidas demonstrou a grande facilidade com que a mesma consegue desenvolver resistência a várias classes de inseticidas.


A suscetibilidade de T. absoluta na maioria das populações tem se restringido a alguns poucos modos de ação recentes de inseticidas, como os ativadores alostéricos dos receptores de acetilcolina, moduladores dos receptores de rianodina, bloqueadores dos canais de sódio, desaclopadores da fosforilação oxidativa, etc. A sua resistência a inseticidas tem sido cada vez mais um problema em cultivos de tomateiro de baixo nível tecnológico. Mais recentemente, o desenvolvimento de resistência às espinosinas e oxadiazinas tem sido observado em algumas populações de T. absoluta. Porém, o caso mais preocupante é com as diamidas, uma das classes de inseticidas mais recentes, registrada para controle desta praga.


Estudo publicado esta semana com populações do Brasil, demonstrou um alto nível de resistência das populações de T. absoluta aos inseticidas clorantraniliprole e flubendiamida, além de resistência cruzada com ciantraniliprole, cujo o uso a campo ainda não possibilitou seleção direta para resistência. Este fato sugere demasiado intenso dessas moléculas no manejo da traça do tomateiro. Diante das poucas alternativas de controle químico, é urgente e necessário que produtores coloquem em prática outras táticas que auxiliem no manejo da praga. Nas áreas monitoradas, a não destruição de restos culturais parece ser uma prática comum. Além disso, há uma confiança no uso excessivo de inseticidas sem critérios de rotação de produtos, ou mesmo de uso de níveis de controle. Não há um manejo para manutenção de inimigos naturais que auxiliem na redução dos índices populacionais. Desta forma, tais práticas só têm a contribuir com a manutenção de altos níveis populacionais da praga, com o agravante de apresentarem altas frequências de indivíduos resistentes, que podem com o tempo dispersar e/ou migrar para outras regiões e, portanto, elevar novamente o status de T. absoluta como praga importante de tomateiro a nível nacional.


Dentre as opções de manejo da resistência de T. absoluta a inseticidas, a rotação de moléculas de forma criteriosa associada ao uso de refúgio ou tratamento em alternância daqueles produtos que apresentam resistência pode ser uma medida efetiva na redução da frequência de resistência em campo. A resistência de T. absoluta a espinosinas e diamidas, por exemplo, é recessiva e monofatorial, de forma que a combinação destas moléculas pode auxiliar no manejo da resistência. A resistência cruzada tem sido restrita dentro da classe, de forma que podem ser combinadas com outras classes de inseticidas dentro de um esquema de rotação. Por fim, é importante que associe tais medidas com outras táticas de controle igualmente importantes, principalmente a destruição de restos culturais.



Para saber mais:

SILVA, J. E. et al. Field-Evolved Resistance and Cross-Resistance of Brazilian Tuta absoluta (Lepidoptera: Gelechiidae) Populations to Diamide Insecticides. Journal of Economic Entomology, 2016. Disponível em: <http://jee.oxfordjournals.org/content/early/2016/07/15/jee.tow161.abstract>.

IRAC-BR. Modo de ação de inseticidas e acaricidas. Disponível em: http://irac-br.org.br/


Por:

Herbert A. A de Siqueira


Revisão:

Raul Guedes, Celso Omoto e Daniela Okuma


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