6 de out de 2016

Uso de diferentes tecnologias para controle de Spodoptera cosmioides

Pesquisas avaliam o efeito de milho e soja Bt e genótipos de soja resistentes para controle de Spodoptera cosmioides

Spodoptera cosmioides (lagarta-preta) é uma das principais espécies de lagarta que alimentam-se de vagens de soja (Glycine max). Possuem alto grau de polifagia, causando danos a diversas culturas de importância econômica além da soja, tais como: milho, algodão, cebola, feijão, café, fumo, maçã, sorgo, tomate, trigo, entre outras.

Uma das formas de controle dessa lagarta no Brasil é o uso de defensivos agrícolas registrados para controle químico em plantio de soja, pimenta e berinjela [1]. Além disso, plantas transgênicas expressando proteínas inseticidas derivada da bactéria Bacillus thuringiensis podem contribuir para o manejo dessa praga, auxiliando na manutenção do potencial produtivo e contribuindo para racionalizar o uso de defensivos agrícolas.

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná, Embrapa Soja, Dow AgroSciences e Universidade Federal da Fronteira do Sul avaliou o desenvolvimento e a reprodução da lagarta-preta nas culturas de milho e soja geneticamente modificadas expressando a proteína inseticida Cry.

Em plantio de milho Bt e não-Bt apesar do consumo foliar ter ocorrido, as larvas não conseguem chegar à fase adulta. Isso indica que a praga não consegue completar seu ciclo de vida nessa cultura. Porém, a S. cosmioides pode, por exemplo, migrar de uma erva daninha em um estádio de desenvolvimento mais avançado para uma Bt e causar danos significativos à planta. Nessas condições, em milho Bt o consumo foliar da lagarta chega a causar 50% menos do que em milho não-Bt, o que mostra a efetividade do milho Bt para controle.

Em soja Bt e não-Bt não houve alteração no desenvolvimento e reprodução de S. cosmioides. A sobrevivência da praga foi mais do que 80% da população em estudo, confirmando seu grande potencial de dano econômico em plantações de soja Bt e não-Bt.

Uma alternativa para controle dessa praga é o uso de plantas resistentes por outros mecanismos que a tecnologia Bt atualmente disponível. Nesse sentido, pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (UNESP) avaliaram os tipos de resistência de S. cosmioides em nove genótipos de soja, incluindo um padrão resistente e um padrão suscetível.

Nenhum genótipo apresentou resistência do tipo não preferência para alimentação a lagartas recém-eclodidas e de 3º instar de S. cosmioides. Três genótipos foram relatados como portadores de resistência do tipo antiobiose. Isso significa que a resistência de uma planta ao ataque da praga implica muitas vezes em alterações no comportamento ou na biologia do inseto.

Como o nível de atividade da proteína Cry 1Ac (presente atualmente na soja Bt) contra S. cosmioides é baixo, o que está relacionado com uma tolerância natural do inseto-praga à proteína. O manejo de plantas daninhas desempenha papel importante para o controle dessa praga, assim como a utilização de genótipos de plantas resistentes além do monitoramento de pragas e uso de outras táticas de controle quando forem necessárias segundo o manejo integrado de pragas (MIP).

É importante a definição de medidas complementares de controle adequadas a serem adotadas, pois têm a finalidade de manter a menor densidade populacional capaz de causar perdas significativas ao agricultor.

Nota:

[1] Agrofit - Consulta realizada em 06/10/2016


 
Para saber mais:

Silva et al. (2016)

Boiça Júnior et al. (2015)

Teodoro et al. (2013)

Revisão:

Adeney Bueno

Foto: Adeney Bueno