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Lagarta-do-cartucho
Spodoptera frugiperda

A lagarta-do-cartucho ou lagarta-militar, Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) é uma das principais pragas do milho e de outras culturas como algodão e soja no Brasil, alimentando-se tanto de órgãos vegetativos quanto de órgãos reprodutivos das plantas. Os problemas com esta praga se agravaram devido às modificações no sistema de produção, tais como cultivos sucessivos de plantas hospedeiras da praga (“pontes verdes”), permitindo sua sobrevivência nas áreas de produção. Esse sistema de cultivo aumentou a frequência de pulverização de inseticidas acarretando a seleção de populações resistentes decorrente do uso intensivo de inseticidas com mesmo mecanismo de ação. A situação torna-se ainda mais complexa devido a elevada capacidade de dispersão deste inseto, tornando necessário recomendações de manejo em nível regional.

 

O IRAC-BR apoia projetos de pesquisa realizados no Laboratório de Resistência de Artrópodes da ESALQ/Universidade de São Paulo para o monitoramento da resistência de S. frugiperda desde 2002. Os estudos dão suporte aos programas de manejo da resistência de S. frugiperda mediante o monitoramento da suscetibilidade em populações coletadas nas principais regiões agrícolas dos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bahia no decorrer do tempo.

 

Monitoramento da resistência

Aumento escalonado na frequência de resistência em populações de S. frugiperda para inseticidas dos principais grupos químicos: carbamatos (Grupo 1A), organofosforados (Grupo 1B), piretroides (Grupo 3), spinosinas (Grupo 5) e inibidores de síntese de quitina (Grupo 15) tem sido documentado no decorrer das safras, atingindo valores de sobrevivências > 40% nas concentrações diagnósticas na safra 2007/2008, principalmente em regiões de cultivo intensivo da Bahia, Mato Grosso e Goiás. 

Com a introdução de plantas Bt no Brasil, principalmente o milho Bt em 2007, foi observada redução significativa na pulverização de inseticidas para o controle de S. frugiperda, verificando-se um restabelecimento da suscetibilidade de populações de S. frugiperda a alguns inseticidas, tais como spinosinas (Grupo 5), atingindo frequências de resistência abaixo do nível crítico de resistência (< 10%) para comprometer a eficácia do inseticida em condições de campo. Por outro lado, com o aumento do plantio de cultivos Bt como milho, algodão e soja sem a adoção de refúgio que é uma das principais estratégias de Manejo da Resistência de Insetos (MRI), a evolução da resistência de S. frugiperda a algumas proteínas Bt (Grupo 11) já foi documentada, após 4 anos da introdução de milho Bt no Brasil), o que tem comprometido outras tecnologias de plantas Bt devido à resistência cruzada entre algumas proteínas Bt do grupo Cry1.

A frequência de resistência a inseticidas carbamatos (Grupo 1A), spinosinas (Grupo 5), avermectinas (Grupo 6), pyrroles (Grupo 13), diacilhidrazinas (Grupo 18), oxadiazinas (Grupo 22A) e semicarbazonas (Grupo 22B) está, em geral, relativamente baixa (< 20%) nas últimas safras (2019/2020). Contudo, ressalta-se que em algumas localidades das regiões da Bahia, Goiás e Mato Grosso, as sobrevivências a inseticidas diamidas (Grupo 28) atingiram valores > 20%. As frequências de resistência a inseticidas piretroides (Grupo 3) e inibidores de síntese de quitina (Grupo 15) continuam altas (> 40%) em algumas regiões produtoras do Brasil.

 

O programa de monitoramento de resistência visa retardar fornecer informações capazes de auxiliar e prever a evolução desse processo a fim de preservar a eficácia da molécula no campo. Portanto, as recomendações do IRAC-BR para a implementação de estratégias de MRI, tais como a rotação de inseticidas de diferentes mecanismos de ação, adoção de práticas de Manejo Integrado de Pragas (MIP) e o plantio de refúgio, são fundamentais para preservar a eficácia de inseticidas no campo e garantir a sustentabilidade do agronegócio.

 

Elaborado por: Celso Omoto

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